«Vinde coMigo para um lugar isolado e descansai um pouco», disse Jesus
aos Apóstolos, convidando a um tempo não tanto de férias, mas, mais
propriamente, de retiro espiritual, de que todo o cristão necessita para se re-encontrar
o Senhor.
Mas, daquela vez, o tempo de descanso de Jesus com os Apóstolos foi de
pouca dura: logo ao desembarcar, «Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se
de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor». Esta multidão de
ovelhas sem pastor é a nossa sociedade actual, que vive como se Deus não
existisse, esgotando a vida de experiência em experiência, de aventura em
aventura, na ânsia de se saciar, mas sem conseguir: porque nem sonham que a
única fonte que sacia a sede de infinito é Deus, a Quem eles rejeitaram. Sem
Pai do Céu, é uma sociedade “órfã”. Às vezes, ainda soa, lá no fundo, um
resquício de Deus, umas recordações de infância… mas identidade está diluída.
Não só a identidade cristã: qualquer identidade! Vivem-se vidas descartáveis: nas
relações, muitos fazem do outro um descartável e, sem se aperceberem, fazem-se
descartáveis também a si próprios; e depois, o vazio… É o domínio do relativismo:
tudo é relativo: as ideias, as relações, os valores morais, que são construídos
à medida das conveniências de cada um… Por isso a desorientação.
Esta sociedade desorientada de hoje é que é a multidão de «ovelhas sem
pastor» de que Jesus, novamente, Se compadece. Sim, a atitude certa perante
esta multidão não é a raiva nem a condenação fácil, mas sim a compaixão.
Compaixão não é ter “pena”, não é desprezar, mas sim amar, ajudando a “sair do
buraco”, como fez Jesus: «e começou a ensinar-lhes muitas coisas».
Padre Orlando Henriques
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