25/10/2017

Que seca!

(15-10-2017)
Por muito que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, diga que a o aquecimento global é um mito, por muito que as suas campanhas digam que as emissões de carbono nada têm de mal (porque, alegam eles, o carbono também faz parte da natureza), verdade é que este “Verão retardado” que não nos dá tréguas mostra bem que a poluição está mesmo a alterar o clima. Em pleno Outubro com temperaturas acima dos 30 graus? Com incêndios tão violentos como em Agosto? O rio Ceira está sem água no concelho da Pampilhosa da Serra: as formigas podem, se quiserem, atravessar o rio, sobre o cascalho seco. Isto só pode ser mau. Mas ainda ouvimos locutores a anunciarem que “vai estar bom tempo” com uma boa disposição ignorante, com a mesma ignorância das pessoas que se aborrecem com os poucos dias de chuva que ainda temos no ano.
Deus pôs o homem no mundo “para o guardar e cultivar”, continuando a obra da criação de Deus; para dominar a criação; mas não para a destruir! Os crimes do mundo são enormes. Acumulámos pecados que chegam até ao céu, esse céu que agora se nos fecha, negando a bênção da chuva; porque o mundo preferiu o lucro e nada ligou aos avisos de que a poluição ia alterar o clima e tornar-nos a vida penosa. Os acordos internacionais são uma hipocrisia: ninguém os cumpre.
E nenhum de nós se pode pôr de fora deste crime colectivo, pois todos temos as mãos manchadas de petróleo: quer tenhamos carro quer andemos no carro de outros, qualquer deslocação que façamos, seja em trabalho ou em lazer, implica queimar combustível, emitir gazes que provocam efeito de estufa no planeta; os artefactos que compramos foram produzidos à custa da poluição das fábricas; até uma simples peça de fruta queimou gasóleo para chegar à prateleira de supermercado onde a compramos. Eu e tu também fazemos parte do problema, não são só os outros, nem só os políticos. Não, se o tempo está trocado não é culpa de “astronautas” que “andam lá em cima a mexer”; a culpa é minha e tua.
Quando subo aos altos das serras da Pampilhosa (as mais altas da nossa Diocese), vejo, por trás da serra do Lorvão, uma névoa escura ao longo de toda a linha litoral. Do cimo do Colcurinho vê-se bem uma névoa parecida a acompanhar de perto a cordilheira do Caramulo, conforme o percurso da A25), que se torna assustadoramente maior sobre a cidade de Viseu.
Por outro lado, também é certo que não temos grandes alternativas: onde estão os meios alternativos para vivermos a vida de hoje sem poluirmos? Até lá, a destruição vai continuar a avançar de forma irreversível, e vamos senti-la na pele. Que Deus tenha misericórdia de nós!

Pe. Orlando Henriques

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