15/07/2017

A ousadia que faltava

Concelebrei na Missa solene da festa da Rainha Santa Isabel, em Coimbra, no passado dia 4, às 11h00, e, no final da Missa, foi surpreendido (fomos todos!) por palavras corajosas como já há muito tempo não ouvia.
Tomando a palavra, o presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel, António Rebelo, entre outras coisas que disse, manifestou a sua indignação pelo facto de àquela mesma hora da Missa principal da festa, se estar a realizar na Câmara Municipal a sessão solene do dia da cidade, o que acontecia pelo segundo ano consecutivo, constituindo uma desconsideração à padroeira da cidade e impossibilitando alguns vereadores de estarem presentes naquela Missa. Foi um momento impressionante: como o povo, exultante de alegria e de concordância com aquele protesto, começasse a dar sinais de que ia desabar numa salva de palmas, António Rebelo conteve, eficaz e imediatamente, a avalanche de aplausos dizendo que não os queria porque sentia que fazer aquele protesto não era mais do que a obrigação de quem quer que exercesse a função de presidente da Confraria. Também gostei de o ouvir dizer que aquela sua manifestação nada tinha a ver com cores políticas e que a faria igualmente qualquer que fosse o partido do executivo camarário.
Foi uma lufada de ar fresco ver na nossa Igreja alguém com coragem para dizer o que tem que ser dito. E, para mais, um leigo. A Igreja actual não pode viver no medo: é muito mau se ninguém reage, se ninguém diz nada, se ninguém pia… enquanto vão avançando, progressivamente, os abusos contra a fé e contra os valores cristãos. Houve mobilização e luta contra o fim dos “contratos de associação” das escolas privadas (com forte apoio da Conferência Episcopal, já que estavam em causa escolas da Igreja); falta haver a mesma mobilização (ou ainda maior) contra a eutanásia, o aborto, as barrigas de aluguer, os mais diversos atentados à família e à presença e liberdade da Igreja na sociedade.
Pe. Orlando Henriques

Sem comentários:

Enviar um comentário