24/09/2017

Católicos mostram o que valem

No passado mês de Agosto, no Brasil, foi aberta ao público no Santander Cultural, em Porto Alegre (RS), uma exposição de mamarrachos nojentos a que alguém decidiu chamar “arte” (certamente a insultar a nossa inteligência): a exposição “Queermuseu – Cartografia da Diferença na Arte Brasileira”, com 270 obras que, segundo o Santander Cultural, pretendiam abordar “questões de género e diferença”, mas que, na verdade, não passavam de imagens repugnantes de pornografia, pedofilia e zoofilia, para além de blasfemarem contra a fé cristã profanando símbolos religiosos. Uma exposição aberta ao público infantil e financiada com dinheiros públicos!
Mas a boa notícia é que a exposição blasfema (que era para durar até Outubro) foi encerrada no passado dia 10 de Setembro, depois de uma enorme mobilização dos católicos brasileiros que se revoltaram à séria: enviaram reclamações, encheram as redes sociais de protestos e muitos cancelaram as suas contas no Santander, o que fez a instituição financeira tremer, pedir desculpas e encerrar a exposição. E já está em marcha uma nova mobilização na internet para obrigar o Santander a reparar os danos causados, financiando instituições de apoio aos cristãos perseguidos.
A lição que temos a aprender dos nossos irmãos brasileiros é que não nos podemos calar diante do mal. Se nos calamos e não nos unimos, os agentes do inferno continuam tranquilamente a devastar o mundo. Mas se nos unirmos e nos manifestarmos sem medos, juntando a isto a perseverança na oração, até o diabo foge!
Pe. Orlando Henriques

À SOMBRA DO CASTANHEIRO (24-09-2017)

– O Tio Ambrósio não ganhou para o susto! Vossemecê e os outros que têm castanheiros e olivais aqui para estes arredores do cimo da nossa povoação!
– A coisa esteve fusca, Carlos! Mas, graças a Deus, os prejuízos não foram tão avultados como chegámos a temer, embora um ou outro proprietário tenha ficado com as suas colheitas arruinadas. Mas, para o que poderia ter acontecido, temos que erguer as nossas mãos para o Alto e agradecer a protecção divina.
– Já reparei que alguma da sua fruta sofreu danos assinaláveis…
– Eu fiquei um pouco triste foi por aquela carreira de oliveiras, que este ano prometiam uma boa safra. Mas nem isso me tirou o sono, pois azeitona, este ano, é um louvar a Deus! E depois, este meu velho castanheiro nem ameaçado foi! Isso é que seria uma perda irreparável, porque não vejo aí nenhum à volta que o possa substituir quer em porte, quer em beleza natural, quer mesmo em produção de castanha…
– Foi mesmo só um susto…
– Agora, vistas as coisas à distância, podemos dizer que não foi além disso. Mas, pelo que se passou aqui com este pequeno incêndio, eu posso calcular os tormentos por que passaram tantas pessoas de várias aldeias do nosso país, onde arderam hectares e hectares de floresta, várias casas de habitação, e onde se perderam vidas humanas, o que constituiu o acontecimento mais triste deste Verão. As árvores voltam a crescer, e a natureza vai encarregar-se de pintar de verde montes e vales. E também voltaremos a ter o amarelo dos pampilhos e o vermelho das papoilas. Mas as vidas que se perderam, essas… deixam-nos sem palavras perante a dimensão da tragédia.
– O que é importante referir agora é que o Cabeço, depois de um susto, voltou a dormir em sossego…
– Isso não, Carlos! Temos que permanecer sempre vigilantes e evitar tudo aquilo que possa causar sinistros deste género. Eu sempre ouvi dizer que o seguro morreu de velho. Mas, para isso é preciso que sejam tomadas todas as precauções, mesmo que nos pareça que o perigo que se corre é mínimo, e que só acontecerá uma vez em mil ou mesmo dez mil! Quem raciocina deste modo é estulto, porque o perigo espreita e, mal um homem se descuida, pode ter início uma verdadeira tragédia com a perda de muitos bens e o risco de se porem em risco as próprias vidas humanas. Mas agora não vamos falar mais desse assunto, porque o passado é passado, e o que mais nos importa é olharmos para o futuro.
– Concordo consigo, Tio Ambrósio! No entanto, se passarmos do panorama da nossa vida local para o âmbito alargado da cena internacional, as perspectivas não são as mais animadoras. O Tio Ambrósio não anda assustado com o que se passa no mundo?
– Ando, Carlos! A humanidade corre sérios riscos de se auto-destruir! E, se queres que te seja sincero, não vejo ninguém capaz de pôr fim a esta escalada de ameaças que, a concretizarem-se, podem fazer milhões e milhões de vítimas totalmente inocentes…
– Ao que pode levar a loucura humana, Tio Ambrósio!
– Sempre houve loucos deste género ao longo da história, a começar por Caim que não teve nenhum rebuço em assassinar o seu irmão Abel. Mas agora as armas não são pedras nem cacetes, Carlos! Uma única bomba pode destruir um país inteiro, pode fazer milhares, mesmo milhões de vítimas. As bombas atómicas lançadas sobre cidades japonesas no final da segunda guerra mundial fizeram centenas de milhares de vítimas. Foi um verdadeiro horror! E hoje há possibilidades de lançar sobre um ou vários países engenhos vinte ou trinta vezes mais mortíferos do que os que então foram utilizados. Ainda hoje, passados tantos anos, eu fico horrorizado quando vejo reportagens fotográficas dos efeitos destruidores que uma bomba dessas causou sobre populações que não tinham nenhuma culpa sobre os desentendimentos entre os chefes das diversas nações.
– A mim perturba-me saber que há seres humanos com este instinto destruidor, Tio Ambrósio! É verdade que Deus Nosso Senhor nos criou inteiramente livres. Mas também nos deu a consciência para sermos responsáveis…
– A liberdade é um dom maravilhoso Carlos! Mas tens razão em dizer que liberdade e responsabilidade devem crescer e caminhar juntas. Quando a segunda é esquecida ou propositadamente posta de lado, o homem pode transformar a sua liberdade numa monstruosidade…
– De ser livre, passa a ser um monstro!
– Eu não consigo classificar de outro modo quer os que ameaçam com bombas nucleares, quer os que, sem qualquer sentimento de piedade, pretendem dizimar populações inteiras, como é o caso da Síria, em cuja guerra civil já perderam a vida cerca de trezentas e cinquenta mil pessoas. E alguns fundamentalistas continuam não apenas a ameaçar todos os que não concordem com as suas ideias, mas vão lançando o terror em atentados um pouco por todo o lado. Um homem já não pode dizer que está seguro em lado nenhum. Quando menos se espera, numa estação de caminhos de ferro, num mercado, ou numa rua movimentada de uma das nossas grandes cidades pode rebentar uma bomba que cause centenas de mortos e milhares de feridos. Nós aqui, no nosso cantinho, parece-nos que não corremos riscos de maior. Mas não estamos livres que venha por aí fora um tresloucado qualquer, carregado de bombas por debaixo da roupa que traz vestida, e faça explodir um dos nossos mercados, ou uma sala de espectáculos. É só dar-lhes na cabeça…
– Se não houvesse televisão, nem outros meios de comunicação, eu até se pode dizer que ia vivendo bastante descansado. Mas os relatos que nos chegam, sobretudo através da televisão, de tantas barbaridades praticadas por esse mundo fora, levam-me a magicar que nem nós aqui nas pequenas aldeias estamos verdadeiramente seguros…
– Não sejas alarmista, Carlos! Todos sabemos da violência de que são capazes muitos grupos de radicais de diversas etnias e proveniências ideológicas. Mas virem aqui ao Cabeço, a esta pequena aldeia desconhecida, onde quase já só vivem velhotes e viúvas, não! Podes dormir tranquilo, que não é por aí que começa a guerra. Mas que, a nível mundial, as coisas não estão nada seguras, isso não estão. E eu tenho verdadeiramente receio é desses tais monstros que lançaram a consciência às urtigas. Esses são capazes de tudo!

18/09/2017

Um surfista também pode ser santo

A Paulus Editora acaba de editar o livro “Um Santo Surfista” sobre o “Servo de Deus Guido Schäffer”, da autoria do padre Ricardo Figueiredo, pároco de Óbidos.
Guido Schäffer foi um jovem como tantos outros: saudável, com gosto pela praia e pela prática do surf. Fazia amigos com muita facilidade por ser comunicativo e amável. Licenciado em medicina, o jovem brasileiro, morreu aos 34 anos (1 de Maio de 2009), a poucos dias de ser ordenado sacerdote, enquanto surfava com amigos. Guido tinha descoberto outra “onda” - Jesus Cristo.
Foi na família que ele aprendeu a rezar e a preocupar-se com o seu semelhante. Antes de ir para o Seminário, rezava diariamente em frente a uma imagem de Nossa Senhora que tinha na casa onde morava, no bairro de Copacabana.
Quando terminou o seu curso de medicina, procurou ajudar, no Hospital da Misericórdia, as irmãs Missionárias da Caridade com os sem-abrigo, o que despertou nele, a sua verdadeira vocação para o sacerdócio.
Quando morreu, na sua prancha estava escrita a seguinte passagem bíblica: «Estreita é a porta, apertado o caminho que leva à vida. Muitos tentarão, mas poucos conseguirão encontrá-lo» (Mt. 7, 14).
Miguel Cotrim

17/09/2017

À SOMBRA DO CASTANHEIRO (17-09-2017)

– Santas tardes, Tio Ambrósio!
– Vem com Deus, Carlos! Hoje não me vais fazer qualquer pergunta, nem comentar as sondagens em relação às eleições autárquicas.
– Não estou para aí virado, Tio Ambrósio!
– Eu também não, Carlos! Gosto de falar de política a sério, de um bom debate, com gente que saiba o que diz, e que fundamente as suas opiniões numa prática saudável do exercício de algum cargo público. Ora desta política de trazer por casa, longe dela, Carlos! Não é por acaso que Políticos com P maiúsculo aparecem muito poucos, e esses nem sempre conseguem o apoio popular. Por norma, o povo deixa-se levar com muita facilidade por alguns charlatães que sabem aproveitar-se da ingenuidade dos menos instruídos.
– Somos assim, Tio Ambrósio! Reagimos mais com o coração do que com a cabeça. E depois de sermos enganados vemos que já não há nada a fazer! Que nós, o povo português, até somos dotados de bons e nobres sentimentos, de altruísmo, de espírito de partilha e de amor ao próximo. E o incrível é que haja quem se aproveite disto para daí auferir dividendos…
– Estás a referir-te a algum caso em concreto, Carlos!
– Até estou, Tio Ambrósio! É verdade que eu não sou nenhum entendido destas coisas, mas vou ouvindo aqui e ali, vou lendo os jornais e ouvindo os telejornais e as notícias na Rádio Renascença e, como qualquer homem dotado de inteligência, vou tirando as minhas dúvidas e formando as minhas opiniões. Eu e os outros!
– Nesta matéria, o melhor é cada um falar por si, Carlos!
– Eu sei, Tio Ambrósio! Mas o certo é que, com uma palavra daqui, com um comentário dali, a pouco e pouco vai-se formando a opinião geral dos cidadãos a que alguns dão o pomposo nome de opinião pública…
– Não sei se os grandes mestres da comunicação têm essa noção de opinião pública…
– Mas, pelo menos, há a voz corrente, Tio Ambrósio! Por exemplo a propósito dos incêndios, é voz corrente que, na absoluta maioria dos casos se trata não de qualquer incidente, mas verdadeiramente de fogo posto. E, mais do que isso, arranjem-se as desculpas que se arranjarem, ninguém convence o povo que não existem interesses por detrás destas tragédias. O povo aponta o dedo àqueles que presume que retiram lucros destas fatalidades que nos atingem todos os anos. O Sanguessuga, por exemplo, está convencido e afirma-o à boca cheia que, se não fosse o lucro de alguns, não haveria metade dos incêndios em Portugal. Porque, como ele costuma dizer, isto está inscrito no calendário como as festas ou como os jogos de futebol. Quando ainda estamos em Janeiro já alguns começam a sonhar com a “época dos incêndios”, como se não fosse possível passarmos sem este martírio anual.
– É preciso prevenir, Carlos!
– Eu sei, Tio Ambrósio! Mas ninguém convence o povo de que, uma vez organizados esses meios de prevenção, eles possam não ser usados…
– Estás a insinuar que há quem aproveite os incêndios para encher os bolsos…
– Não sou eu, Tio Ambrósio! É o povo que pensa assim! Ainda ontem à tarde, na loja do Sanguessuga, quando deu a notícia na televisão sobre dois novos focos de incêndio que começaram a lavrar para os lados da Covilhã e na martirizada zona do pinhal, logo houve quem aventasse culpas a companhias e empresas cuja actividade lucrativa está ligada a este sector.
– Eu seria incapaz de imputar um crime tão grave a gente que é ou pelo menos se apresenta como honesta e acima de toda a suspeita…
– Eu pessoalmente também, Tio Ambrósio! Mas houve alguém lá do grupo que, dentro do mesmo assunto, perguntou o que foi feito do dinheiro que se juntou para socorrer as vítimas do incêndio de Pedrógão. Foram bastantes as instituições que se propuseram como colectoras dos contributos populares, e parece que nem todas prestaram as contas como devia ser. O dinheiro oferecido para uma catástrofe destas é dinheiro sagrado, Tio Ambrósio!
– E, na minha opinião, é um pecado muito grave desviar essas verbas, mesmo que seja para outras obras de carácter social ou outros fins ditos filantrópicos. O povo, que, diante destas catástrofes, é muitíssimo generoso, deu o seu contributo com uma finalidade muito específica que, neste caso, era a de socorrer as vítimas, nomeadamente procurando reconstruir as casas ardidas e ajudando a erguer as pequenas empresas que eram o sustento das famílias que viviam naqueles lugares.
– No que se refere à Igreja Diocesana, penso que os donativos foram canalizados e estão a ser geridos nesse sentido. As notícias que me chegam é que foram sinalizadas algumas situações e que, por exemplo, há casas que já estão a ser reconstruídas, a tempo de os moradores não verem chegar o tempo das chuvas como uma preocupação acrescida.
– Também tenho tido algumas notícias positivas sobre esse procedimento, Carlos!
– Mas o povo sabe que há outras instituições que receberam donativos e que ainda não prestaram contas a ninguém. Há quem fale até de desvios de fundos…
– Eu prefiro não acreditar, Carlos! Mas ele há gente para tudo, mesmo para se servir da desgraça alheia em proveito próprio…
– Esse é o aspecto que o nosso povo acha mais grave, Tio Ambrósio! Desviar verbas, para não empregar a palavra roubar descaradamente, é sempre uma falta grave. Eu na catequese aprendi que um dos dez mandamentos da Lei de Deus é “não roubar, nem injustamente reter ou danificar os bens do próximo”. Ora, o que foi dado para as vítimas dos incêndios é a eles que pertence! A maioria deles ficaram na miséria, ou mesmo nos limites da indigência. Por isso o nosso Liberato é do parecer que tocar indevidamente nestes donativos, além de ser contra o mandamento da Lei de Deus, é cumulativamente um dos “pecados que bradam aos céus”, pois se trata, em última análise de “oprimir os pobres”.
– O Liberato quando fala, habitualmente é certeiro naquilo que afirma. Eu não diria melhor, Carlos. Vai lá com Deus, porque eu vejo que estás com alguma pressa.
– Adeus, Tio Ambrósio! E obrigado pelos seus ensinamentos!

Escola de Teologia e Ministérios – formação para a acção!

A Diocese de Coimbra tem uma proposta de formação a aproveitar, com a Escola de Teologia e Ministérios (que, agora, integra também a Escola Diocesana de Música Sacra). Porque saber não é uma obrigação só dos padres. E porque muito mais dificilmente os cristãos participarão activamente na vida da Igreja se não tiverem formação. Todos os cursos desta oferta formativa funcionam no Seminário Maior de Coimbra aos sábados dos períodos lectivos normais, já a partir de 7 de Outubro (excepto na Escola Música Sacra, cujas aulas começam já no dia 23 de Setembro, tendo decorrido os testes admissão decorrido a 16 de Setembro).

1. Curso Básico de Teologia
Condições de acesso: 12º ano ou equivalente
Sábados, 09h às 15h35. 6 semestres. 200€ por semestre.

2. Curso para Animadores das Assembleias Dominicais sem Celebração da Eucaristia
Condições de acesso: 9º ano ou equivalente, idade superior a 25 anos e declaração de proposta do Pároco.
Sábados, 09h às 15h35. 3 semestres. 200€ por semestre.

3. Curso para Orientadores da Celebração das Exéquias
Condições de acesso: 9º ano ou equivalente, idade superior a 25 anos e declaração de proposta do Pároco.
Sábados, 09h às 15h35. 3 semestres. 200€ por semestre.

4. Curso para o Ministério Extraordinário da Comunhão
Condições de acesso: idade superior a 25 anos e declaração de proposta do Pároco.
Sábados, 09h às 12h30. 3 semestres. 30€ por semestre.

5. Curso para o Ministério dos Leitores
Sábados, 09h às 12h30. 3 semestres. 30€ por semestre.

6. Curso para Catequistas Formadores
Para Catequistas formadores e responsáveis pela catequese paroquial. Condições de acesso: 12º ano ou equivalente.
Sábados, 09h às 15h35. 3 semestres. 200€ por semestre.

7. Curso para Catequistas Formadores (que já concluíram o Curso Básico de Teologia ou equivalente)
Sábados, 09h às 15h35. 1 semestre. 200€ por semestre.


ESCOLA DIOCESANA DE MÚSICA SACRAa partir de 23 de Setembro!
 
8. Curso Geral de Música Litúrgica
Condições de acesso: que tenham completado o 7º ano do ensino Básico (idade superior a 13 anos), sejam propostos pelo Pároco; e sejam considerados aptos nos testes de admissão.
Sábados, 09h às 15h35. 3 anos. 42€ por mês.

9. Curso de Órgão ou Canto (concomitante ao curso 8)
Sábados, 09h às 15h35. 3 anos. 45€ por mês.

10. Curso de Aprofundamento de Música Sacra (NOVO!)
Condições de acesso: possuam suficientes conhecimentos musicais (a aferir em testes de admissão) ou tenham completado o curso 8.
Sábados, 09h às 15h35. 1 ano. 42€ por mês.


Os cursos só funcionarão com número mínimo de candidatos. Os alunos podem almoçar no Seminário. Para informações ou inscrições é possível contactar os telefones 239 792 340 / 239 792 344, ou o e-mail escola.teologia.ministerios@steotonio.pt.

14/09/2017

Carta Pastoral do Bispo de Coimbra sobre plano pastoral 2017-2020 (09-08-2017)


PLANO PASTORAL 2017-2020
CARTA PASTORAL DO BISPO DE COIMBRA

1. INTRODUÇÃO

O Concílio Vaticano II, recolhendo o sentir de uma tradição contínua, declarou de novo que a Igreja peregrina é chamada por Cristo a uma reforma perene, que consiste essencialmente numa maior fidelidade à própria vocação (cf. Unitatis Redintegratio, 6).
Na esteira desse grande acontecimento da história da Igreja contemporânea, procuramos pôr-nos em atitude de escuta da Palavra da Escritura e da voz do Espírito Santo, que nos iluminará na descoberta dos caminhos mais adequados para o anúncio do Evangelho no nosso tempo. É nessa perspectiva que assumimos como missão: “Diocese de Coimbra, comunidade que vive a fé e anuncia o Evangelho como caminho de encontro pessoal com Cristo, Único Salvador, e com a sua Igreja”; e como visão: “Alicerçados em Cristo, formamos uma comunidade de discípulos para o anúncio do Evangelho”.
Vivemos num período da história da Igreja e da nossa Diocese em que se deram inúmeras mudanças, que exigem um grande trabalho de renovação. Consciente desta necessidade, já na Carta Pastoral Comunidade de Discípulos para o Anúncio do Evangelho, de 2013, vos escrevia: “Entre nós operou-se uma mudança epocal no que respeita à adesão à fé e ao Evangelho, à pertença à Igreja, aos valores que conduzem a vida privada e familiar ou a vida social e cultural”. E mais adiante afirmava: “A Diocese de Coimbra é terra de missão, é terreno a evangelizar, pois partilha de todos os fenómenos referidos e comuns ao mundo em que vivemos”.
Como metodologia que nasce da identidade da própria Igreja, Povo de Deus e mistério de comunhão, rica de dons, carismas e ministérios em ordem ao bem de todo o Corpo, prosseguimos pelo caminho da sinodalidade. Nesse sentido, propusemos aos membros das comunidades cristãs que se unissem num dinamismo sinodal em ordem à avaliação da execução do Plano Pastoral 2013-2016 e à elaboração de propostas para o Plano 2017-2020, fazendo uso do direito que lhes assiste de serem membros vivos, participativos e co-responsáveis no processo de edificação e renovação da Igreja.
Com base no guião previamente preparado e distribuído, os grupos fizeram o seu trabalho, nas paróquias, nas unidades pastorais, nos movimentos e outras estruturas da vida da Igreja. O resumo foi feito pelos arciprestados e a síntese final coube ao Secretariado da Coordenação Pastoral. Depois de ouvido o Conselho Presbiteral e o Conselho Pastoral da Diocese chegou-se às propostas, que agora devolvo a toda a Diocese, na certeza de que são fruto de um largo consenso, adequadas ao sentir eclesial e iluminadas pelo Espírito Santo.
O dinamismo sinodal, que decorreu ao longo do último ano pastoral, teve bom acolhimento das comunidades, apesar de ainda estarmos pouco habituados a assumirmo-nos como co-responsáveis na edificação da Igreja do Senhor, tanto nos momentos de avaliação, como nos de proposição e de execução de planos que conduzam à realização, no tempo presente, da vocação da mesma Igreja. Na fidelidade à identidade da Igreja - que é, toda ela, sinodal - entendemos que um dinamismo sinodal como o que realizámos é apenas a expressão pontual daquilo que há de ser a forma de sermos Igreja na Diocese de Coimbra em todas as suas instâncias: Povo de Deus que caminha unido entre si e em comunhão com a Santíssima Trindade, para que resplandeça cada vez mais como Povo Santo e Igreja Sacramento Universal de Salvação.
O Plano Pastoral para o triénio de 2017-2020 constitui um salto qualitativo de grande alcance para a vida e futuro da Igreja Diocesana.
Em primeiro lugar, verificamos que houve uma considerável evolução no processo de elaboração do Plano Pastoral. Ele é fruto de uma caminhada sinodal e o resultado possível de uma pedagogia radicada na identidade de uma Igreja mistério de comunhão, tal como a caracterizou o Concílio Vaticano II, na qual todos são chamados a ser co-responsáveis.
Em segundo lugar, o Plano Pastoral não se apresenta completo nem fechado, como se fosse uma realidade aplicável de forma indiscriminada a todas as realidades e lugares da Diocese. Quisemos que deixasse campo aberto à concretização e aplicação local dos objectivos gerais, no respeito pela diversidade e especificidade de cada unidade pastoral.
Em terceiro lugar, este Plano Pastoral dirige-se, pela primeira vez, de uma forma muito directa à unidade pastoral, enquanto base cada vez mais efectiva da organização e da vida pastoral da Diocese. Confiamos, pois, na disponibilidade, contributo e dinamismo de cada unidade pastoral, com o pároco, o conselho pastoral e a equipa de animação pastoral, em ordem à concretização e implementação dos objectivos propostos a toda a Diocese de Coimbra.
O presente Plano Pastoral Diocesano constitui um apelo à responsabilidade de todas as instâncias eclesiais, como são os secretariados e serviços diocesanos, os movimentos apostólicos e de espiritualidade, os institutos de vida consagrada, todas e cada uma das comunidades cristãs, com todos os seus membros, carismas, serviços e ministérios. Uma vez que todos fomos chamados a fazer avaliação do passado e a apresentar propostas para o futuro, agora somente podemos lançar-nos na aventura da execução, contando com o auxílio de Deus e com a fé da comunidade cristã.
Diante da dificuldade mais comum que sentimos para implementar um Plano Pastoral, e que tem a ver com a diversidade de contextos humanos, culturais, sociais e geográficos da Diocese, cabe aos arciprestados e às unidades pastorais a nobre missão de discernirem, à luz do Espírito, baseados na reflexão dos órgãos de co-responsabilidade e em comunhão com a Igreja Local, quais os meios e modos mais aptos para alcançar os objectivos comuns oferecidos a todos.


2. APROXIMAI-VOS DO SENHOR (1 Pd 2, 4)

Tomamos como lema do Plano Pastoral 2017-2020 a expressão retirada de 1 Pd 2, 4, “aproximai-vos do Senhor”, inserida no contexto mais vasto de 1 Pd 2, 4-10. Este pequeno texto constitui um centro bem marcado da Primeira Epístola de Pedro, que se ocupa da vida nova que há de caracterizar os crentes convertidos a Jesus Cristo.
O capítulo 1 da Primeira Epístola de Pedro ocupa-se da novidade da fé e do baptismo, que tem de ter consequências existenciais para o que renasceu pela água e pelo Espírito: abandonar a vida passada (cf 1 Pd 2, 1) e crescer para a salvação (cf 1 Pd 2, 2), despojar-se dos vícios antigos como se de roupas velhas se tratasse, para se revestir das vestes brancas próprias de quem foi lavado nas águas do baptismo.
A partir de 2, 11, a Epístola oferece uma série de exortações concretas a todos os que se decidiram por Cristo. Essas exortações tratam os mais variados campos da existência humana, pois todos eles precisam de ser iluminados por Cristo, a pedra fundamental da construção da vida dos cristãos.
O texto da Primeira Carta de Pedro, que escolhemos (1 Pd 2, 4-10), apresenta, portanto, Jesus como pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus (cf 1Pd 2, 4), deixando bem claro que Ele é o centro da fé cristã e a realização do plano de Deus em favor da humanidade, o centro absoluto da nossa vida pessoal e eclesial, Aquele que nos transforma e que faz novos todos os nossos comportamentos e atitudes.
Ao citar Isaías 28, 16, a Primeira Epístola de Pedro retoma o tema bíblico da pedra angular, ali referida a Deus e, agora, a Jesus Cristo, o fundamento sobre o qual se edifica a Igreja, sacramento da salvação querida pelo Pai.
Todo o texto está dominado pela expressão “aproximai-vos d’Ele”, ou seja, “do Senhor”, que pode entender-se em dois distintos sentidos.
Em primeiro lugar, uma vez que o Senhor Jesus é a pedra rejeitada pelos homens, aproximar-se d’Ele significa tomar partido por Ele, decidir-se por Ele, escolhê-l’O como seu mestre e tornar-se seu discípulo. Ao fazer-se esta escolha está-se bem consciente de que outros O recusam e O desprezam; sabe-se igualmente que podem rejeitar juntamente com Ele aqueles que O elegeram como seu Senhor e Mestre. Supõe-se, igualmente, que o encontro com Jesus exige sempre uma tomada de posição a favor ou contra, que não se pode ficar indiferente diante do Senhor. O distintivo da fé consiste em escolher Jesus Cristo, O Filho de Deus, como a rocha firme sobre a qual se quer assentar a totalidade de uma vida pessoal. A partir da fé, uns escolhem-n’O e, na incredulidade, outros rejeitam-n’O; uns aproximam-se d’Ele, outros afastam-se d’Ele, mas ninguém pode conhecer Jesus e ficar indiferente diante d’Ele, pois Ele é, ao mesmo tempo, uma pedra que faz tropeçar, ou seja, uma pedra de escândalo (cf 1 Pd 2, 8).

Em segundo lugar, aproximar-se do Senhor significa um apelo a pôr-se a caminho para se encontrar com Jesus, para estar com Ele, para permanecer n’Ele, para estar em comunhão com Ele, para O tomar como modelo da vida e se crescer na identificação com Ele. Sendo Ele pedra viva, os cristãos ao encontrarem-se com Ele recebem d’Ele a vida, ou seja, estabelece-se uma relação vital entre Cristo e os crentes que aceitam o convite para se aproximarem d’Ele. Não esquecemos que noutros lugares do Evangelho, o próprio Jesus se apresentou como aquele que veio trazer a vida e a vida em abundância (cf Jo 10, 10) e noutra ocasião disse claramente “Eu sou a Vida” (Jo 14, 6).

“Também vós – como pedras vivas – entrais na construção de um edifício espiritual” (1 Pd 2, 5). A Epístola estabelece um paralelismo entre Jesus, pedra viva, e os cristãos que se aproximam d’Ele e são igualmente chamados pedras vivas, que entram na construção de um edifício espiritual, “em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1 Pd 2, 5).
Trata-se de acentuar a referida relação vital existente entre Jesus e os cristãos que recebem d’Ele a vida que circula neles, tal como a seiva circula entre os ramos e a cepa, segundo a alegoria da videira (cf Jo 15, 1-8). Os cristãos são aqueles que permanecem unidos a Cristo como os ramos à videira ou aqueles que são pedras vivas, que se aproximam e permanecem unidos a Cristo, a pedra viva, numa realização verdadeira do desejo que Jesus exprimiu diante dos seus discípulos: “Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós” (Jo 15, 4).
Na Primeira Epístola de Pedro usa-se a imagem da construção, da casa, do edifício ou do templo, muito presente em outros textos das Sagradas Escrituras, imagem que ajuda a passar da compreensão de uma relação individual do cristão com Cristo para o âmbito da relação da comunidade cristã com o mesmo Cristo. Os cristãos, pedras vivas, reunidos como assembleia convocada, como povo, e unidos a Cristo, a pedra viva, tornam-se construtores do grande edifício espiritual, que é a Igreja do Senhor.
Todo o cristão, unido a Cristo e inserido na comunidade ou no povo ao qual foi chamado por eleição, participa do sacerdócio santo de Cristo, que o habilita a oferecer sacrifícios espirituais em ordem à edificação do edifício espiritual. Enquanto sacerdote, o cristão oferece a Deus as suas obras, próprias de quem se aproximou de Cristo, está em comunhão com Cristo, recebe a comunicação da Sua Vida e vive de acordo com a sua fé.

Os cristãos devem render infinitas graças a Deus porque foram chamados e escolhidos para acreditar em Jesus, para ser sacerdócio real, nação santa, povo adquirido. Podem agora proclamar as maravilhas de Deus porque alcançaram misericórdia e viram abrir-se-lhes as portas da salvação.
Chamados a aproximar-se do Senhor por meio da conversão, os cristãos encontram-se com Cristo, a pedra viva e a única salvação de Deus. Tudo se deve a Cristo, que os elegeu, os chamou, os constituiu em povo e os fez alcançar misericórdia. A única resposta que se espera é a oferta de sacrifícios espirituais, isto é, a oferta da própria vida em acção de graças, num conformar cada vez mais e melhor a vida e as obras com a fé.
Como pessoas e integrados no povo de Deus, os cristãos são exortados a aproximarem-se sempre mais do Senhor, a acolherem a Sua vida, a oferecerem o sacrifício da sua própria vida, a colaborarem na edificação do templo espiritual, a proclamarem as maravilhas de Deus que usou com eles de misericórdia e lhes abriu os caminhos da salvação.

Sendo convocado para se aproximar do Senhor, o cristão nunca é chamado a afastar-se do mundo. Antes pelo contrário, a comunhão com o Senhor Jesus, o conhecimento do seu amor, a força do Espírito que habita n’Ele reenvia sempre para o mundo aqueles que se deixam transformar por Ele.
A Primeira Epístola de Pedro, depois do convite “aproximai-vos do Senhor”, a pedra angular, oferece aos cristãos muitas outras exortações no sentido de terem um estilo de vida que exprima a sua opção por Cristo na sociedade, na política, nas relações interpessoais, na família: “tende entre os gentios um comportamento exemplar” (1Pd 2, 12); “actuai como homens livres, não como aqueles que fazem da liberdade um pretexto para a maldade” (1 Pd 2, 16); “respeitai a todos, amai os irmãos” (1 Pd 2, 17).
Aproximar-se do Senhor e permanecer n’Ele torna-se sempre condição para se produzirem muitos frutos na Igreja e no mundo: “Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5).
 

3. OBJECTIVOS

3.1. EVANGELIZAÇÃO

“A actividade missionária ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja”, afirmou São João Paulo II, na Encíclica Redemptoris Missio (nº40). Escrevendo no final do segundo milénio, tinha em mente a necessidade de alargar os horizontes do Evangelho ao mundo onde ainda não tinha chegado.
Na Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho, o Papa Francisco retoma e assume as afirmações fundamentais de João Paulo II, dizendo: “«não se pode perder a tensão para o anúncio» àqueles que estão longe de Cristo, «porque esta é a tarefa primária da Igreja». A actividade missionária «ainda hoje representa o máximo desafio para a Igreja» e «a causa missionária deve ser (…) a primeira de todas as causas». (...) a acção missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (A alegria do Evangelho 15).
Estamos a viver circunstâncias muito diferentes dos tempos em que a comunidade humana, a paróquia e a família realizavam naturalmente a missão de transmitir a fé às novas gerações. Estamos num tempo de crise em que essas instituições, ancoradas nas metodologias tradicionais da evangelização, perderam grande parte da capacidade de comunicar a fé.
Estamos num tempo em que as pessoas, inseridas numa cultura, numa sociedade e num sistema de valores plurais e distintos dos que dominaram no passado, não manifestam o mesmo tipo de abertura e de acolhimento do Evangelho. A fé e o Evangelho continuam a ser os mesmos, mas precisamos de os propor de formas diferentes, de modo que possam tocar as questões que verdadeiramente interessam à humanidade de hoje.
Saímos de um mundo em que a fé e a dimensão religiosa e crente da vida se herdavam e passavam de geração em geração juntamente com muitos outros elementos de carácter social e cultural. Sem negar o lugar e a importância de um fio condutor da tradição e de uma história da transmissão da fé, enquanto garantias da identidade de um povo, sabemos que isso, hoje, não é suficiente para gerar convicções e definir opções pessoais. Para se ser crente e cristão na actualidade é preciso passar por um processo de conhecimento, acolhimento e apropriação de uma fé pessoal, assumida com a razão e com o coração, experimentada na vida e na comunidade, que se deseja e se procura como algo verdadeiramente marcante.
Evangelizar consiste, por isso, em propor o Evangelho de forma adequada, tendo em conta os dinamismos antropológicos determinantes da vida, dos valores, dos anseios, dos sentimentos e das expectativas das pessoas. Uma vez que evangelizar significa proporcionar condições para o encontro com a fé ou comunicar a fé, tem de privilegiar-se o testemunho, a relação interpessoal, o encontro, a partilha de vida no grupo, a comunhão na comunidade, sem perder de vista a informação acerca dos conteúdos da doutrina, da Sagrada Escritura, da liturgia ou da moral.
A evangelização tem como objectivo fazer cristãos, discípulos de Jesus Cristo, membros da Igreja, homens e mulheres que incarnam nas realidades do mundo um modo de ser e de estar iluminados pela Boa Nova do Reino.

Toda a programação da vida e toda a actividade dentro de uma comunidade cristã tem de ter uma intenção evangelizadora, uma vez que “a acção missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (A alegria do Evangelho 15). Isso exige, como nos recordou o Papa Francisco, uma mudança radical de perspectiva, quando se trata de pensar a vida das comunidades cristãs e as suas acções pastorais, litúrgicas, catequéticas e caritativas: “sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo actual que à auto-preservação” (A alegria do Evangelho 27).
Este é também o sonho da Diocese de Coimbra, bem expresso na reflexão dos grupos de avaliação e proposta, realizada no último ano pastoral, em contexto de dinamismo sinodal. Reconhecemos que somos Igreja a precisar urgentemente de nova evangelização para a adesão à fé e Igreja enviada a anunciar a Boa Nova ao mundo distante de Deus, com novo ardor, novos métodos e novas expressões.
A fidelidade ao Espírito que conduz a Igreja em cada tempo e nos inspira os caminhos a percorrer em cada momento, leva-nos, enquanto Diocese, a passar de uma pastoral da conservação a uma pastoral activamente missionária e evangelizadora. A todos os níveis, mas especialmente ao nível das unidades pastorais em crescente implantação, o dinamismo evangelizador deve tornar-se elemento central da vida e da programação de toda a acção pastoral.
A passagem da afirmação da identidade evangelizadora da Igreja a uma Igreja efectivamente missionária, supõe a mudança de mentalidade do povo de Deus, ministros ordenados, consagrados e leigos. Não basta dizer-se que tudo o que a Igreja faz é evangelização, o que nos deixaria numa situação muito cómoda, mas significaria continuar a agir pastoralmente no presente com se estivéssemos em tempos passados.
De acordo com o Plano Pastoral Diocesano, a afirmação da identidade evangelizadora da Igreja supõe que cada unidade pastoral inclua no seu plano específico propostas concretas de primeiro anúncio da fé; acções de aprofundamento da fé por meio da catequese, especialmente da catequese de adultos; percursos familiares de enraizamento na fé de todos os membros de acordo com cada fase da vida; modalidades de inserção activa dos cristãos na sociedade, como sal e como luz.
 

3.2. ESPIRITUALIDADE

O Concílio Vaticano II resume o essencial da espiritualidade do cristão quando proclama a sua vocação universal à santidade: “todos na Igreja (…) são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: «esta é a vontade de Deus, a vossa santificação» (1 Tes 4, 3; cf Ef 1, 4). Esta santidade da Igreja incessantemente se manifesta, e deve manifestar-se, nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis” (Lumen gentium 40).
Sempre que esquecemos esta dimensão fundamental fazemos da fé um espiritualismo, fazemos da Igreja uma sociedade humana e fazemos da pastoral uma estratégia para alcançar resultados desejados. Falar de vocação à santidade significa acreditar que o mais importante é a nossa união pessoal e comunitária com Deus Pai por meio de Jesus Cristo e na comunhão do Espírito Santo.
O cristão é convidado a viver no Espírito de Deus e segundo o Espírito de Deus, que o conduz a discernir os caminhos da vida e a incarnar dentro de si e na sua relação com o mundo a grandeza do mistério que o envolve. Não pode haver cristão sem vida interior, ou seja, sem verdadeira vida espiritual, no sentido de vida animada pelo Espírito Santo, que realiza nos fiéis a obra admirável da comunhão com Deus.
A Igreja, Novo Povo de Deus, comunidade visível e invisível, humana e divina, é continuamente santificada e vivificada pelo Espírito Santo (cf Lumen gentium 4). É Ele que constantemente a recria e a faz renovar-se por meio da Palavra da Escritura e do Pão da Eucaristia, Cristo Ressuscitado e fonte da eterna novidade.
A evangelização, tarefa primordial da Igreja, não se pode realizar fora deste contexto da espiritualidade cristã, como refere o Papa Francisco: “Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que rezam e trabalham. Do ponto de vista da evangelização, não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e acções sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração” (A alegria do Evangelho 262).
É dentro deste quadro teológico e doutrinal ressaltado pelo magistério conciliar e pós-conciliar que se pode entender correctamente a chamada acção pastoral da Igreja. Na atenção à voz do Espírito e procurando discernir quais os caminhos que nos oferece tendo em conta as circunstâncias próprios dos tempos em que vivemos, podemos delinear as linhas fundamentais da pastoral da Igreja, na esperança de que sejam as mais adequadas a este tempo favorável, que é o nosso.
Com humildade, temos de reconhecer que a dimensão espiritual da vida cristã, da organização da vida eclesial e da própria acção pastoral tem sido muito descurada. Precisamos de voltar a um cultivo da vida interior, de uma verdadeira espiritualidade bem enraizada no baptismo, na Palavra de Deus, na sagrada liturgia, na oração cristã, que alimente o mistério da nossa existência em Cristo, que fortaleça a nossa comunhão eclesial com o Deus Trindade e que torne real a nossa inserção no mundo como fermento, sal e luz.
São muito claras e oportunas as palavras do papa Francisco acerca do cultivo da vida espiritual como suporte único de toda a actividade dos cristãos: “É preciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso e à actividade. Sem momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, as tarefas facilmente se esvaziam de significado, quebrantamo-nos com o cansaço e as dificuldades, e o ardor apaga-se” (A alegria do Evangelho 262).

No contexto do dinamismo sinodal preparatório do novo Plano Pastoral, foram muitas as referências à necessidade de implementação de uma verdadeira espiritualidade cristã, bem incarnada e alicerçada em Deus Trindade. Nesse sentido, temos um longo caminho a percorrer, procurando que tudo o que somos e fazemos como cristãos e povo de Deus esteja conscientemente fundado no Deus Trindade.
No âmbito das unidades pastorais, somos especialmente convidados a dar um especial relevo à missa dominical como lugar privilegiado de crescimento na fidelidade ao Senhor, sobretudo pela preparação de todos os que servem a acção litúrgica e pela adequação dos horários e lugares da celebração.
Em segundo lugar, destacamos a necessidade de desenvolver os hábitos, métodos e formas de oração cristã, pessoal, familiar e comunitária que levem à unidade entre a fé e a vida, sob a condução do Espírito Santo. Destacamos, neste caso, a importância da leitura orante da Palavra de Deus (lectio divina), a adoração ao Santíssimo Sacramento, os momentos de oração e contemplação, as peregrinações e vigílias, a oração mariana, os retiros espirituais, a direcção espiritual, a celebração do sacramento da Penitência.
 

3.3. ORGANIZAÇÃO

A Diocese de Coimbra está numa fase de aceleradas adaptações no que respeita à sua tradicional organização pastoral. Depois de longos séculos em que as paróquias constituíram a base organizativa fundamental, correspondendo normalmente a cada uma o respectivo pároco, passámos por grandes mudanças no que se refere à organização do tecido social, à distribuição populacional, às características culturais, às referências religiosas, ao modo de acolher, celebrar e viver a fé cristã ou a pertença eclesial.
Houve igualmente uma reconfiguração das comunidades cristãs, na base da qual estiveram variados motivos, dos quais salientamos: a doutrina conciliar acerca da Igreja como Povo de Deus; a afirmação dos carismas e dons do Espírito em ordem aos serviços e ministérios; as novas modalidades de exercício do ministério ordenado, aliadas a uma notória diminuição de vocações sacerdotais, a um significativo aumento dos ministérios laicais e, mais recentemente, ao aumento do número de diáconos.
As novas circunstâncias em que a Igreja de Deus vive na Diocese de Coimbra e, genericamente em toda a Europa Ocidental, exigem um olhar crente, próprio de quem acredita que a obra é de Deus, e cheio de confiança e esperança na sua bondade e misericórdia para com todos os povos e em todos os tempos.
Os novos tempos exigem igualmente uma atenção muito especial à realidade, que só pode ser vista como uma possibilidade actual de incarnação do Evangelho, como um tempo favorável de graça, que nos pede para olharmos atentamente para os sinais dos tempos.
Atento à nova situação, o papa Francisco intuiu a necessidade de uma mudança de rumo na vida e acção da Igreja, que toque todas as suas dimensões e, concretamente, a sua dimensão organizativa, para estar ao serviço de uma acção pastoral mais eficaz: “A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade” (A alegria do Evangelho 27).
A unidade pastoral está a tornar-se a base da organização pastoral da Diocese, o que nos traz algumas exigências de mudança de atitude. Não basta estabelecer ligações entre um grupo de paróquias, o que seria demasiado pouco ou até entendido como algo negativo pelo fato de se criar uma circunscrição mais vasta do ponto de vista territorial e maior do ponto de vista do número de habitantes.
A unidade pastoral é uma oportunidade que tem de ser aproveitada para: potenciar as acções de evangelização em detrimento de uma pastoral de mera manutenção e conservação; estabelecer laços cristãos e relações interpessoais alicerçadas no Evangelho, em lugar do bairrismo potenciador da divisão; criar autêntica comunhão eclesial entre as paróquias, capelanias, grupos e movimentos; desenvolver melhores meios de formação dos agentes de pastoral, dos ministros intervenientes na liturgia, dos catequistas das crianças, dos jovens e dos adultos; promover uma liturgia que seja maior expressão da fé da Igreja e melhor lugar de crescimento na espiritualidade cristã; fomentar meios de cooperação económica, administrativa e burocrática; promover a caridade organizada na Igreja.
Uma vez que a pastoral das vocações é transversal a toda a acção da Igreja, pois todo o cristão é chamado a seguir o Senhor segundo a sua vocação pessoal, a unidade pastoral tem a missão e a responsabilidade de ajudar os seus membros a fazerem um sério discernimento acerca da sua vocação na Igreja. Precisa, para isso, de constituir um serviço de acompanhamento das crianças, dos adolescentes, dos jovens ou de outros que estejam em fase de procura do seu caminho vocacional. De modo especial, promova as catequeses e os percursos vocacionais, a sensibilização das famílias para a questão da vocação dos seus filhos, a oração da comunidade pelas vocações, os retiros espirituais de tema vocacional. O serviço da pastoral das vocações da unidade pastoral, constituído pelo pároco e por leigos, será o elo de ligação com o Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações e com o Seminário Diocesano.

De acordo com as perspectivas apontadas pela Diocese na consulta efectuada em estilo de dinamismo sinodal, a unidade pastoral deve continuar a dar passos firmes e seguros como base da organização pastoral da Diocese.
Considera-se de extrema importância a promoção dos organismos de participação e co-responsabilidade já apontados noutras ocasiões como grande auxílio para que a unidade pastoral seja, de fato, expressão visível da Igreja Sinodal, na qual todos os membros têm um lugar activo e se sentem a percorrer um caminho que é de todos. A criação do conselho pastoral e da equipa de animação pastoral, bem como a responsabilização das equipas coordenadoras de cada um dos sectores da vida da unidade pastoral estão entre as iniciativas centrais.
Vem depois a organização dos aspectos ligados à administração e à gestão dos bens materiais que, de acordo com o Regulamento de Administração dos Bens da Igreja na Diocese de Coimbra, devem ter um sentido e uma orientação comunitária, evangelizadora, pastoral e espiritual, para além de serem um sinal da partilha e da comunhão.
Uma vez que a unidade pastoral tem uma dimensão mais vasta do que cada uma das paróquias que a compõem, havemos de ter um especial cuidado com o acolhimento personalizado e com a integração dos novos residentes e das novas famílias.
Ao mesmo tempo, havemos de combater o perigo da massificação por meio da construção de uma relação equilibrada entre a grande assembleia e os pequenos grupos de evangelização, de catequese, de lectio divina, de pastoral especializada ou simplesmente de oração e de partilha de vida.
 

4. CONCLUSÃO

O Plano Pastoral da Diocese de Coimbra tem como grande finalidade definir algumas linhas programáticas fundamentais, tendo em conta a realidade presente da vida da Igreja e as suas maiores necessidades, sintetizadas nos três grandes objectivos.
A formulação de algumas estratégias pretende ajudar a ver com maior clareza pontos fracos da vida das comunidades que claramente precisam de um cuidado especial e apontar caminhos muito concretos a percorrer.
A definição das actividades deixa-se ao cuidado de cada unidade pastoral, a fim de que sejam as mais adequadas às necessidades e às especificidades de cada uma delas. Do mesmo modo o calendário e o programa concreto ficam ao critério da unidade pastoral, procurando-se sempre respeitar o calendário e o programa das realizações do arciprestado e da diocese, bem como a expressão da comunhão da Igreja.
Acima de tudo, importa tomar consciência de que o Plano Pastoral é um contributo para o crescimento da fé, para a edificação da comunidade cristã e para a santificação dos fiéis. Para isso, propõe um conjunto de meios e caminhos evangélicos que hão de levar a um verdadeiro encontro com o Senhor, que hão de ajudar a transformar interiormente o coração e a iluminar a totalidade da vida dos fiéis e das comunidades.
Mais do que nunca, precisamos urgentemente de sentir que a Igreja vive da graça do Senhor, que nos gera para a fé, nos faz filhos de Deus e nos fortalece por meio do seu Espírito para produzirmos frutos de transformação do mundo.
O crescimento espiritual de cada cristão e de cada comunidade, a adesão ao Evangelho, a incarnação da fé no coração e na vida, que também se pode chamar crescimento na santidade, fruto da comunhão com Deus, é o que havemos de procurar. Como Igreja, temos o dever de proporcionar aos fiéis a possibilidade de crescerem na santidade por meio da adesão a Cristo e da vida no Espírito.

Consciente da maturidade eclesial e do espírito de abertura aos caminhos evangélicos de renovação da comunidade diocesana de Coimbra, confio-lhe o Plano Pastoral 2017-2020, esperando que os objectivos, estratégias, actividades e programas possam ser um contributo para a realização do grande plano de Deus, que é a salvação da humanidade por meio da fé como encontro pessoal com Jesus Cristo e com a Sua Igreja.
Dou graças a Deus pelo caminho de renovação que nos tem aberto e agradeço ao Povo de Deus da Diocese o grande testemunho de confiança que tem dado, quando acolhe com alegria as propostas que lhe são feitas pelo seu pastor. É, por isso, com renovada esperança que ponho este Plano nas mãos de todos, sacerdotes, consagrados e leigos.
A todos repito a exortação do Apóstolo Pedro, “Aproximai-vos do Senhor” e permanecei com Ele. A todos convido a sair alegremente pelo mundo e a trabalhar com fé e espírito apostólico para proporcionar à humanidade o conhecimento dos caminhos que conduzem ao mesmo Senhor.
Que a Virgem Santa Maria interceda pela nossa Diocese e que o Deus misericordioso nos abençoe.
 
Coimbra, 09 de Agosto de 2017
Virgílio do Nascimento Antunes
Bispo de Coimbra

Unidos pela paz

O momento de tensão mundial que se vive actualmente tem que ser para nós um motivo renovado para nos voltarmos para Deus, já que a loucura dos homens só nos pode levar à desgraça.
De um lado temos o ditador da Coreia do Norte, cuja loucura parece não ter limites (deve ser por se considerar um deus na terra, a julgar pelo culto idolátrico à sua pessoa a que aquela pobre nação está subjugada). Do outro lado temos o presidente norte-americano, que fala forte e feio e parece não saber medir consequências. Não se adivinha nada de bom…
Qual deve ser a nossa atitude perante esta situação mundial? Nós, cristãos, temos um papel insubstituível nesta hora. Se “os cristãos são no mundo o que a alma é no corpo” (diz a Epístola a Diogneto), então havemos de fazer oração e penitência em nome de toda a humanidade. Os crimes do mundo são enormes! Por isso é preciso que o homem se volte para Deus. Este clima de tensão que ameaça tornar-se uma nova guerra mundial mostra bem o que acontece ao homem quando Deus é posto de parte: a humanidade auto-destrói-se.
Já que a humanidade está mais para aí virada do que para outro lugar, cabe-nos a nós, cristãos, sermos coluna que sustenha este desabamento. Num momento como este deveríamos estar a mobilizarmo-nos para fazer jornadas de oração pela paz, actos de penitência e amor em desagravo de tanta atrocidade que se comete por todo o mundo. Se Jesus promete «onde dois ou três se reúnem em Meu nome, Eu estou no meio deles», a atitude é reunirmo-nos em oração e penitência pela conversão do mundo.
Pe. Orlando Henriques

11/09/2017

A vida é bela

O Papa enviou há dias uma mensagem em vídeo aos jovens que estão detidos na prisão de Ezeiza, na Argentina. Nesse vídeo, que foi reproduzido pelos serviços de comunicação do Vaticano, o Papa incentiva os mais novos a fazerem do tempo na prisão uma oportunidade de conversão e mudança. Fez recordar-me do poema da Irmã Teresa de Calcutá sobre a Vida: “A vida é uma oportunidade, aproveita-a”.
O Papa Francisco diz que “a vida é um presente, mas um presente que deve ser conquistado todos os dias”. “A vida chega até nós como uma oferta, mas temos de trabalhar por ela todos os dias, em cada passo, porque ela é um dom que não é fácil de conservar. É preciso coragem todos os dias”, afirma o Papa.
Não podia estar mais de acordo com estas palavras. Problemas e dificuldades todos os têm, no entanto, é preciso enfrentá-los, resolvê-los, ultrapassá-los… isso é que dá depois um verdadeiro sabor à vida. Saber que combati o bom combate, como dizia S. Paulo.
O Papa assinala, ainda, que “problemas sempre existirão, mas o horizonte é maior do que os problemas”. Santa Teresa de Calcutá é muito elucidativa a esse propósito, diz-nos que “A vida é tristeza, supera-a. A vida é um hino, canta-o. A vida é um combate, aceita-o. A vida é tragédia, domina-a”.
Miguel Cotrim

10/09/2017

À SOMBRA DO CASTANHEIRO (10-09-2017)

– Boas tardes, Tio Ambrósio!
– Vem com Deus, Carlos! Estava aqui mesmo à tua espera, porque fiquei com curiosidade em saber o que se passou nesse encontro para que foste convidado no passado domingo. Cheirou-me a qualquer coisa relacionada com as eleições autárquicas do primeiro de Outubro…
– Eu também pensei que fosse esse o assunto que estivesse na origem da convocatória feita pelo Liberato. E até poderia ser útil para todos nós que ele nos pusesse a par do seu programa para este novo mandato…
– Quer dizer que os votos no Liberato são favas contadas!
– Nem outra coisa é de esperar! Concorrendo o Liberato dos Santos, quem é que pode ter a pretensão de ganhar umas eleições, aqui no Cabeço? Ainda houve aí um grupo que, mais para criar confusão do que para os legítimos interesses do povo, se propôs relançar a candidatura do nosso anterior presidente, o nosso caro ex-autarca Manuel Lopes. Mas logo se desenganaram, porque o Lopes, que é homem sensato e de um só parecer, veio desfazer todas as dúvidas, afirmando, na loja do Sanguessuga, que estava de alma e coração com o candidato Liberato. E nem podia ser de outro modo, pois, enquanto o Manuel esteve na Junta sempre teve o apoio incondicional do actual presidente. E até adiantou que estar lá um, ou estar o outro é praticamente a mesma coisa, com a diferença notável de que o Liberato tem muito mais conhecimentos e outros apetrechos intelectuais, que sempre são um bonito adorno para quem pretenda representar bem os seus concidadãos.
– Estou de acordo com o Manuel Lopes! Então se nós estamos tão bem servidos, para que é que íamos voltar atrás. O Lopes fez uma série de mandatos e sempre com o apoio de todo o povo. Mas não é homem que se prenda à cadeira do poder…
– Esse é um dos problemas de que enfermam muitos dos que, tendo sido obrigados a sair nas últimas eleições, agora voltam a candidatar-se. Cá no meu entender, tirando um caso ou outro, não tiveram saudades de servir o povo. Tiveram foi saudades das benesses, embora pequenas, que se auferem destes modestos cargos…
– Ninguém está numa autarquia pelo que lá se ganha, Carlos!
– Isso pensa o Tio Ambrósio! E não são só os pataquitos que chegam ao fim do mês. É também o prestígio, o título e o gosto de mandar, ainda que seja pouco.
– Estou esclarecido, Carlos! Mas não se tratando de uma reunião sobre a recandidatura do Liberato à Junta, que assunto o levou a convocar essa reunião a que tu não querias faltar?
– Eu até pensei que o Liberato também tinha convocado o Tio Ambrósio. E convocou! Mas a culpa foi toda minha, humildemente o confesso! Eu estava encarregado de informar o Tio Ambrósio sobre este encontro, que teve por finalidade ver como havemos de relançar as nossas lições de catequese de adultos, e com este entusiasmo do almoço consigo e com os meus cunhados para falarmos sobre a viagem, esqueci-me de todo! Não sei como é que isto aconteceu, porque não é costume varrerem-se-me da memória coisas tão importantes como estas. O Liberato chamou-me a atenção, e eu fiquei envergonhado à frente de toda aquela gente, e pedi perdão a todos. E agora também peço desculpa ao Tio Ambrósio! É que nunca mais me lembrei da reunião da catequese, e estava mesmo convencido que essa seria lá mais para diante, e que agora iríamos mesmo falar do programa do Liberato para o novo mandato como presidente da Junta. O Tio Ambrósio vai fazer o favor de me desculpar…
– Já estás desculpado há muito tempo, Carlos! Não é que eu não gostasse de participar nessa reunião, mas a verdade é que, devido à minha idade e aos meus achaques, vocês já não podem contar comigo como dantes…
– Ai isso é que contamos, Tio Ambrósio! E até lhe posso dizer que os nossos encontros catequéticos recomeçam no segundo domingo de Outubro, pela simples razão de o primeiro domingo estar ocupado pelo nosso dever colectivo de votar. Mas depois, a partir da segunda semana, teremos encontros mais ou menos regulares da chamada catequese de adultos. Agora, em vez de um, vamos ter dois grupos organizados, para que seja mais fácil a todos seguirem as lições, que continuarão a ser dadas quer pelo nosso Padre Feliciano, quer por alguns leigos do nosso arciprestado. E também estamos a contar consigo, sobretudo quando se tratar de temas históricos e bíblicos, em que vossemecê é um barra como poucos. A coordenar, cá na paróquia, estará o Liberato, que aceitou o convite do senhor prior…
– Está tudo na perfeição. Tudo, menos o facto de vocês contarem comigo, pelo menos de modo permanente. Eu não digo que não irei colaborar, na medida das minhas modestas possibilidades. Mas ter esse encargo, semana após semana, já ultrapassa as minhas forças. Quando eu era rapaz, e mesmo depois até há alguns anos atrás, sempre o senhor Padre Feliciano pôde contar comigo. Quando alguém aparecia para fazer a comunhão, ou mesmo para ser baptizado já depois da idade normal, confiava-me a missão de lhe ensinar a doutrina, e sobretudo de lhe explicar a forma como um homem deve viver como cristão. Porque não é necessário apenas saberem-se algumas fórmulas mais ou menos bem decoradas. Mais importante do que isso é o comportamento de alguém que se declara ser cristão…
– Não queremos apenas cristãos de nome, mas sim cristãos comprometidos nas diversas tarefas do mundo…
– Tens um bom exemplo no nosso Liberato. Ele conhece bem a doutrina e lê com frequência os textos da Palavra de Deus. Mas todos esses conhecimentos coloca-os em prática na sua vida, e nomeadamente no exercício das suas funções autárquicas. Uma das recomendações que a Igreja tem feito, nestes últimos tempos, aos leigos cristãos, vai no sentido de estes, ou seja de nós nos empenharmos nas tarefas do mundo, levando a nossa experiência de cristãos para os diversos campos da actividade humana, desde a cultura à política e passando mesmo pela economia
– Isso não é para todos, Tio Ambrósio!
– É para todos, embora com medidas diferentes, Carlos! Nem todos são professores ou doutores. Mas há tarefas que até um agricultor pode desempenhar.
– Vou pensar nisso, Tio Ambrósio!
– Vai com Deus, Carlos!

06/09/2017

O Plano Pastoral Diocesano para o próximo triénio

O próximo Plano Pastoral Diocesano para os próximos três anos assenta em três pontos fundamentais:
1. Assumir a evangelização como uma missão diocesana prioritária (estratégia: realizar acções de primeiro anúncio em todas as unidades pastorais; criação de mais grupos de catequese de adultos; ligação da catequese de infância à catequese da família; ajudar os cristãos leigos a estarem activamente presentes nas organizações da sociedade);
2. Promover a espiritualidade encarnada e alicerçada em Deus Trindade (estratégia: que a Missa paroquial seja uma referência na comunidade cristã; que se definam os lugares da Missa com horário fixo em toda a unidade pastoral; introduzir os cristãos nos vários métodos de oração);
3. Organização: colocar as estruturas pastorais mais ao serviço do objectivo da missão, passando a unidade pastoral a ser a base estrutural, e já não a paróquia (estratégia: criar o conselho pastoral de unidade pastoral e equipa fraterna de animação pastoral; unificar o cartório; celebrar o Dia da Unidade Pastoral; promover o acolhimento de pessoas novas que vão chegando às paróquias).
Para colocar acção este Plano, o Secretariado de Coordenação Pastoral não propões acções específicas: agora serão as unidades pastorais (conjuntos de paróquias confiadas ao/s mesmo/s pároco/s) que, a partir destes pontos, vão fazer o seu próprio plano pastoral, para que o plano possa encarnar nos mais variados contextos da nossa Diocese. O plano de cada unidade pastoral será enviado ao Sr. Bispo, para ser aprovado.

05/09/2017

Calendário Pastoral Diocesano 2017/2018

Conheça todas as actividades que estão programadas para este ano pastoral na Diocese de Coimbra:

SETEMBRO 2017
4 a 6 - MMF - Peregrinação Diocesana a Tuy e Pontevedra
12 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima (10:30)
13 - Secretariado de Coordenação Pastoral (9:30-17:00)
15 - Jornada de reflexão para sacerdotes sobre os Cursos de Cristandade
15 - Mortágua: Preparação da visita pastoral
17 - Crisma na Unidade Pastoral das Terras de Sicó, em Torre de Vale de Todos (15:00)
19 - MMF - Peregrinação de idosos a Fátima (19-20 Set)
19 a 20 - Jornadas de Pastoral no Seminário de Coimbra: p/ padres, diáconos e leigos
22 - Aniversário natalício do Senhor Bispo
24 - Abertura Ano Pastoral Sé Nova (15:00 - 17:00)
25 - Vigília de oração pela vida nascente, com bênção das grávidas, na Sé Nova (21:00)
26 - Conselho Episcopal (9:30)
28 - Penacova: Preparação da Visita Pastoral
29 - Lorvão: Preparação da Visita Pastoral
30 - Paróquia de S. João Baptista: Jantar de angariação de fundos (20:00)  

OUTUBRO
1 - SDPF - Celebração do dia do idoso
3 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
5 - S. Pedro de Alva: Preparação da Visita Pastoral
5 - Ultreia diocesana dos Cursos de cristandade em Ferreira do Zézere
5 - Assembleia diocesana do renovamento carismático
7 - Abertura das Aulas da Escola de Teologia e Ministérios (10:00)
7 - Crisma das Paróquias do Arciprestado do Baixo Mondego, em Coimbra, igreja de S. José (16:00)
8 - Encontro de animadores da catequese de adultos Seminário Maior (15:00)
10 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa Fátima (10:30)
11 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral
14 - Jubileu das Clarissas do Louriçal
14 - Conselho Pastoral Diocesano (14:30)
14 - 1ª Reunião dos professores de ERMC e celebração do envio
16 - Reunião dos Bispos do Centro, na Guarda
17 - Assembleia de Arciprestes (9:30)
18 - Conselho Episcopal (9:30)
19 - Reunião do Conselho da Pastoral da família
20 - Vila Nova de Poiares: Preparação da Visita Pastoral
21 - MMF - Dia de deserto da Diocese de Coimbra
21 - XXX Jornadas da pastoral da Família em Fátima (21–22 Out)
22 - Crisma no Botão (11:00) e em Ansião (15:00)
24 - Reunião dos padres novos
25 - Miranda do Corvo: Preparação da Visita Pastoral
29 - Crisma em Figueiró dos Vinhos (16:00)

NOVEMBRO
2 a 5 - Visita Pastoral a Almaça, Cercosa, Cortegaça, Espinho, Marmeleira, Mortágua, Pala, Sobral, Trezói e Vale de Remígio
7 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
8 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral
9 a 12 - Visita Pastoral (continuação) a Almaça, Cercosa, Cortegaça, Espinho, Marmeleira, Mortágua, Pala, Sobral, Trezói e Vale de Remígio
10 - Simpósio da Comissão Diocesana Justiça e Paz sobre a Populorum Progressio
10 a 13 - MMF - Retiro de doentes da Diocese de Coimbra Fátima
12 - Início da Semana dos Seminários
13 a 16 - Assembleia Plenária da CEP
14 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima (21:15)
15 - Vigília de oração pelos seminários
16 - Solenidade da Dedicação da Catedral (Sé Velha) - (19:00)
17 a 19 - Visita Pastoral Figueira de Lorvão, Lorvão e Sazes de Lorvão
19 - Último dia da Semana dos Seminários (peditório para os Seminários)
21 e 22 - Reunião do Conselho Presbiteral, em Penacova
23 a 26 - Visita Pastoral a Carvalho, Friúmes e Penacova
28 - Reunião Províncias Eclesiásticas de Braga e Santiago de Compostela, em Lugo
29 - Reunião do Conselho Episcopal (9:30)
29 - Lousã: Preparação da Visita Pastoral
30 a 3 Dez. - 130º Cursilho de Cristandade para homens
30 a 3 Dez. - Visita Pastoral a Oliveira do Mondego, Paradela da Cortiça, S. Paio do Mondego, S. Pedro de Alva, Travanca do Mondego  

DEZEMBRO
1 a 3 - Retiro de Advento, na Casa de Retiros de Penacova
3 - Domingo I do Advento – Ano A Início do Advento e Lectio Divina
5 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
6 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (09:30)
7 a 10 - 113º Cursilho de Cristandade para senhoras, na Praia de Mira
7 a 10 - Visita Pastoral a Arrifana, Lavegadas, S. André de Poiares, S. Miguel de Poiares
8 - Imaculada Conceição - Missa da Padroeira da Universidade de Coimbra, na capela da UC (12:00)
9 e 10 - Visita Pastoral (continuação) a Arrifana, S. André de Poiares, S. Miguel de Poiares
9 - Festival Diocesano da Canção (SDPJ), no Pavilhão Municipal de Ferreira do Zêzere (21:00)
12 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima (10:30)
13 - Reunião de Arciprestes (09:30)
20 - Conselho Episcopal (09:30)
24 - Missa da Noite de Natal na Sé Nova (23:00)
25 - Missa de Natal na Sé Nova (11:15)
31 - Festa da Sagrada Família - SDPF - Dia Diocesano da Família/ Festa dos jubilados    

JANEIRO 2018
1 - Santa Maria Mãe de Deus - Missa na Sé Nova (11:15)
2 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (9:30-13:00)
3 - Ançã: Preparação da Visita Pastoral
4 a 7 - Visita Pastoral a Lamas, Miranda do Corvo, Rio de Vide, Semide, Vila Nova de Miranda
6 - Encontro com as Equipas de Nossa Senhora Casa Episcopal (18:00)
9 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima (10:30)
9 - Luso: Preparação da Visita Pastoral
10 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (9:30)
10 - Missa do 4º aniversário da Adoração Eucarística pelas vocações Igreja de S. Tiago (18:30)
16 a 18 - Jornadas de Formação Permanente, no Seminário de Coimbra
18 a 25 - Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos
19 a 21 - Visita Pastoral a Casal de Ermio, Foz de Arouce, Lousã, Serpins, Vilarinho
23 - Encontro de Padres Novos
24 - Conselho Episcopal (9:30)
24 - Eiras: Preparação da Visita Pastoral
25 - Visita Pastoral (continuação) a Casal de Ermio, Foz de Arouce, Lousã, Serpins, Vilarinho
31 - Celebração do 19º Aniversário do Centro de Apoio à Família

FEVEREIRO
2 - Festa da Apresentação do Senhor
3 - Reunião do Conselho Pastoral Diocesano (09:30)
4 - Bênção das Crianças Sé Nova (11:15)
4 - Encerramento da Visita Pastoral ao Arciprestado do Alto Mondego, na Lousã (16:00)
6 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
6 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (14:30)
6 - Pedrulha: Preparação da Visita Pastoral
7 - Reunião de Arciprestes (09:30)
8 - Visita Pastoral a Ançã, Antuzede, São João do Campo, São Facundo (Curato)
9 e 10 - E-Novar 18 - Conferência sobre liderança: Raniero Cantalamessa e outros
9 - Secretariado Nacional Alpha (Auditório do Cons. Nacional Coimbra)
13 - Missa de Aniversário da Morte da Irmã Lúcia
14 - Quarta-feira de cinzas - Missa na Sé Nova (21:00)
14 - Reunião do Conselho Episcopal (09:30)
15 a 18 - Visita Pastoral a Ançã, Antuzede, São João do Campo, São Facundo (Curato)
17 - MMF - Dia de deserto para a Diocese de Coimbra
17 - 2ª Reunião dos Professores de ERMC
19 - Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima (16:00)
19 a 23 - 1º turno do Retiro do Clero, em Mem Soares
23 a 25 - Retiro Diocesano da Quaresma, na Casa de Retiros de Penacova
24 e 25 - Visita Pastoral ao Luso e Pampilhosa
27 e 28 - Reunião do Conselho Presbiteral

MARÇO
1 - Missa do Dia da Universidade de Coimbra, na capela da UC (12:00)
2 - Visita Pastoral Luso e Pampilhosa
3 - Retiro para animadores da catequese de adultos IJP (9:30 às13:00)
4 - Visita pastoral Luso e Pampilhosa
6 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
7 - Reunião do Conselho da pastoral da família
8 a 11 - Visita pastoral a Eiras e S. Paulo de Frades
11 - SDPF - Retiro Diocesano de casais em Coimbra
13 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima (10:30)
13 - Mealhada: Preparação da Visita Pastoral
14 - Reunião de Arciprestes (9:30)
15 a 18 - Visita Pastoral a Pedrulha e Trouxemil
19 - Solenidade de São José - aniversário do início do Pontificado do Papa Francisco
20 - Encontro de Padres Novos
20 - Souselas: Preparação da Visita Pastoral
21 - Conselho Episcopal (9:30)
25 - Domingo de Ramos - Missa na Sé Nova (11:00)
29 - Quinta-feira Santa - Missa Crismal, na Sé Nova (10:30)
29 - Missa da Ceia do Senhor, na Sé Nova (21:00)
30 - Sexta-feira Santa - Oficio de Leitura e de Laudes, na Sé Velha (09:30)
30 - Celebração da Paixão do Senhor, na Sé Nova (15:00)
30 - Via Sacra, no Seminário de Coimbra (21:30)
31 - Vigília Pascal, na Sé Nova (21:30)  

ABRIL
1 - Domingo de Páscoa - Missa na Sé Nova (11:15)
3 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
5 - MMF - Retiro de doentes em Fátima p/ Diocese de Coimbra (5-8 Abr)
9 - Solenidade da Anunciação do Senhor (solenidade transferida)
9  a 12 - Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa
11 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (21:15)
12 a 15 - 131º Cursilho d Cristandade para homens
14 e 15 - MMF - Peregrinação a pé de jovens
15 - Inicio da Semana Mundial de Oração pelas Vocações
15 - Instituição de Ministérios Laicais na Sé Nova (16:00)
17 - Reunião de arciprestes (09:30)
18 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (09:30)
18 - Vigília de oração pelas vocações
19 a 22 - Visita Pastoral a Casal Comba, Mealhada e Vacariça
19 a 22 - 114º Cursilho para senhoras
22 - Dia Mundial de Oração pelas Vocações
24 - Reunião do Conselho Episcopal (09:30)
27 e 28 - Visita Pastoral a Botão, Brasfemes, Souselas e Torre de Vilela
29 - XXII Festa das Famílias

MAIO
3 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
3 a 6 - Visita Pastoral a Botão, Brasfemes, Souselas e Torre de Vilela
5 - Reunião do Conselho Pastoral Diocesano (14:30)
6 - Encerramento da Visita Pastoral ao Arciprestado de Coimbra-Norte, em Souselas (16:00)
8 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (10:30)
9 - Reunião de Arciprestes (09:30)
10 - Reunião de preparação para o Crisma, no Seminário de Coimbra
13 - Solenidade da Ascensão do Senhor e Festa de Nossa Senhora de Fátima
13 a 21 - Semana da Vida
14 a 16 - Reunião dos Bispos do Centro
15 - Dia Internacional da Família
17 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (09:30)
18 - Vigília de oração com os crismandos na Sé Nova (21:00)
19 - Vigília do Pentecostes - Crisma na Sé Nova (16:00)
20 - Domingo de Pentecostes - Crisma na Sé Nova (16:00)
22 e 23 - Reunião do Conselho Presbiteral
24 - Conselho Episcopal
26 - Encontro Diocesano de Jovens
27 - Solenidade da Santíssima Trindade - Dia da Igreja Diocesana (Celebração Diocesana)
31 - Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo  

JUNHO
2 - Bênção das Pastas Sé Nova (11:00)
3 - Domingo IX do TC - Bênção das Pastas Sé Nova (11:00)
5 - Recolecção do Clero, no Seminário de Coimbra (10:00-13:00)
8 - Solenidade do Sagrado Coração de Jesus - Assembleia Diocesana do Clero
12 - Reunião do Conselho Episcopal (09:30)
13 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (09:30)
14 - Reunião dos professores ERMC: avaliação
18 a 20 - Jornadas Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa
24 - Ordenações Sé Nova (16:00)
25 a 27 - Encontro dos Padres Novos
29 - Solenidade de S. Pedro e S. Paulo, Apóstolos
29 - Reunião de Arciprestes (09:30)

JULHO
1 - Assembleia de encerramento da catequese de adultos, no Seminário Maior (15:00)
2 - 2º turno do Retiro do Clero, em Fátima
3 - 6º Aniversário da Ordenação Episcopal de D. Virgílio Antunes
4 - Santa Isabel de Portugal
5 - Reunião do Conselho Episcopal (09:30)
10 - 6º Aniversário da entrada de D. Virgílio Antunes na Diocese
10 - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa Fátima (10:30)
11 - Reunião do Secretariado de Coordenação Pastoral (09:30)
14 - Peregrinação Diocesana a Fátima
20 a 22 - Retiro de Verão Penacova
22 - Bênção dos avós Sé Nova (11:15)

Jornadas de Setembro: ESTE ANO É PARA TODOS!


As Jornadas de Formação Pastoral da Diocese de Coimbra acontecem duas vezes por ano, em Setembro e em Janeiro, no Seminário Maior de Coimbra.
A edição de Setembro deste ano vai ser de 19 a 20, e a grande novidade é que, para além dos destinatários habituais (padres e diáconos), também vai ser aberta aos leigos que possam e queiram participar.
Estas Jornadas de formação, que começaram por ser para os clérigos, há já cinco anos que têm vindo a ser abertas a leigos na edição de Janeiro, mas, este ano, isso também acontecerá na edição de Setembro. Tendo em conta que as Jornadas acontecem durante a semana (em dias normais de trabalho), a participação nelas não é possível para muitos  os leigos; mas quem tiver possibilidade pode aproveitar (quem estiver de férias, de folga, desempregado, reformado…).
Fale com o seu pároco: as inscrições devem ser enviadas até 12 de Setembro para o e-mail: sdcpastoral.coimbra@ gmail.com. Se alguém precisar de almoço ou de dormida no Seminário Maior de Coimbra, pode e deve também inscrever-se para tal.
As conferências das Jornadas versarão sobre os três grandes objectivos do Plano Pastoral Diocesano:
- “A evangelização como a missão prioritária da Igreja diocesana”, pelo Pe. Diamantino Duarte (da Diocese de Lamego);
- “A espiritualidade incarnada e alicerçada em Deus Trindade”, pelo Pe. José Frazão Correia, SJ;
- e “A organização e as estruturas pastorais para a missão da Igreja”, por D. José Traquina (Bispo auxiliar de Lisboa).
Entretanto, informamos, desde já, que a solene Abertura do Ano Pastoral de 2017/1018 vai ser a 24 Setembro, em Coimbra, a partir das 14h30.

04/09/2017

Todas as festas deviam ser assim


Foi uma alegria subir, uma vez mais, em peregrinação ao Santuário do Divino Senhor da Serra (paróquia de Semide) nos dias da romaria que todos os anos ali se realiza de 15 a 23 de Agosto. Aquela festa é um sonho! Mais: todas as festas deviam ser assim.
Mas, afinal, o que é que tal festa tem assim de tão diferente? Mal se chega  à aldeia, a primeira coisa que se nota é a total ausência de música “pimba”: a aparelhagem sonora está todo o dia a tocar, mas apenas música sacra! O programa não inclui bailes nem tasquinhas: só Missa, terço, vésperas, adoração ao Santíssimo Sacramento, confissões, via sacra… E todas as celebrações bem preparadas, com cânticos bem escolhidos e pessoas competentes a servir nos vários ministérios litúrgicos.
Esta é a festa que nos leva directamente ao Coração de Jesus. Este é o único tipo de festa que interessa à Igreja do nosso tempo (aliás, de qualquer tempo, mas mais urgentemente no nosso tempo, tão necessitado de alguém que aponte um rumo no meio da confusão). Organizar uns bailes ou uns bares ao som de música indecorosa é uma coisa que qualquer pessoa ou associação pode fazer; mas levar as pessoas a encontrar-se com Jesus isso é uma coisa que mais ninguém pode fazer a não ser a Igreja. Por isso, não devíamos andar a perder tempo com coisas que podem ser feitas por outros e que até são contra nós: tudo o que pregamos sobre o matrimónio e a família é destruído pelo conteúdo das letras da música “pimba”. Fora o resto… Chega de invocar em vão o nome de Deus e dos seus Santos!
Ainda há-de chegar o dia em que nós, a Igreja, só gastaremos o nosso precioso tempo e as nossas preciosas energias em festas como a do Senhor da Serra.
Pe. Orlando Henriques

À SOMBRA DO CASTANHEIRO (03-09-2017)

– Agora sim, Carlos! Depois deste opíparo almoço que a tua Joana nos ofereceu, tendo a grata companhia dos teus cunhados Acácio e Ermelinda, como estava prometido, podemos descansar um pouco à sombra deste secular castanheiro. Sabes que gostei muito das informações que eles nos deram sobre a sua longa e proveitosa viagem àqueles países que só há poucos anos conseguiram libertar-se do jugo soviético.
– E parece que o domínio estranho deixou marcas bastante profundas nestes povos subjugados a um regime que detestavam, mas que eram obrigados a aceitar…
– Isso aconteceu sempre com todas as ditaduras, Carlos! E o mais grave é que esta não nasceu no próprio país, mas foi imposta de fora, como aconteceu em tantos outros lugares que integraram esse vasto império onde, ao que parece, havia tudo menos liberdade.
– Felizmente que, no final do século vinte, esses povos conseguiram de novo a sua autonomia e reocupar o lugar que lhes cabia, por direito próprio, no concerto das nações. Cada um dos países voltou a ter o seu parlamento, eleito de modo livre por todos os cidadãos…
– Mas a ocupação deixou marcas, que ainda continuam visíveis. A Ermelinda virou-se mais para os aspectos folclóricos de cada região, mas o Acácio colheu algumas notas interessantes, nomeadamente sobre a actividade religiosa. Parece que, quanto mais para norte, onde era menor a influência do catolicismo, mais rapidamente se esqueceram os princípios da fé, pelo menos tendo em conta o que se pode observar através dos templos que agora continuam abertos, mas que serviram de armazéns e de estaleiros. Na sua maior parte, hoje não passam de pequenos museus. Por isso o Acácio faz bem em se perguntar a si próprio se, entre aqueles povos, a fé se perdeu…
– Não se terá perdido de todo. Mas é bem provável que tenha enfraquecido. O Tio Ambrósio vai incluir este tema nas suas leituras e depois, se vier a talho de foice, nos dará informações mais precisas sobre este assunto.
– Não prometo, Carlos! A vista já me começa a faltar e, além disso, não temos aqui à mão elementos que nos permitam fazer uma avaliação das transformações sociais e religiosas que aconteceram por via da ocupação de estados soberanos por parte de um regime ateu. Aquilo que eu te posso dizer, pelo que tenho observado, é que quanto mais profundas são as raízes religiosas de um povo, mais dificilmente é possível varrer o espírito de fé desse povo. Foi, por exemplo, o que me contou o Liberato que, há poucos anos visitou a Rússia, onde a ortodoxia faz parte da alma do próprio povo. Segundo ele observou, mal a repressão deixou entrar uma pequena aragem fresca de liberdade, os crentes voltaram a encher os templos e a manifestar a sua religiosidade popular, cantando hinos, participando nos ritos litúrgicos ou prestando veneração aos sagrados ícones de Jesus Cristo e de Sua Mãe, Maria Santíssima.
– Extraordinário! Não é, Tio Ambrósio?
– Deus não dorme, Carlos! Tenhamos confiança no cumprimento de tudo o que nos prometeu! Ele não abandona o Seu povo! É verdade que Deus não nos substitui no trabalho da evangelização, que é compromisso nosso. Pelo baptismo todos nós fomos constituídos missionários e testemunhas da presença de Deus no mundo. Antes de subir aos céus, Jesus reuniu os seus discípulos e deu-lhes a missão de irem por todo o mundo e anunciarem a Boa Nova a toda a criatura. O Senhor não lhes disse a eles, e não nos diz a nós, que somos os seus discípulos de hoje, para ficarmos a olhar para os céus, esperando que daí caia a solução para todos os problemas do homem. Ele empregou dois verbos no modo imperativo: Ide e Anunciai!
– Mas não é fácil um homem, por muito cristão que seja, deixar a sua casa, o seu conforto, a sua família e dispor-se a ir por aí fora, para o desconhecido…
– Não é fácil, não, Carlos! Não é agora e nunca o foi nos tempos passados! E, no entanto, Deus nunca deixou de suscitar no coração de muitos o desejo e a coragem de partirem. Se percorrermos os cinco continentes, de norte a sul e de leste a oeste, um pouco por todo o lado encontraremos sinais da presença de homens e mulheres de fibra, que entenderam à letra o texto do envio feito por Jesus aos seus discípulos. Muitos pagaram a audácia com as suas próprias vidas. Mas agora são recordados, às vezes como heróis sem nome, ao passo que os que ficaram em suas casas, agarrados ao arado do comodismo…onde está a sua memória?
– Olhe que eu ficava aqui a tarde inteira, de boca aberta, a ouvir o Tio Ambrósio que, mesmo deste assunto, sabe mais do que a maioria de nós. Mas vou ter que o deixar, porque prometi ao Liberato que passaria esta tarde pela sala de reuniões da Junta de Freguesia para ter com ele uma conversa. Penso que o Liberato convocou uma série de pessoas, não sei bem para quê!
– Cheira-me a assunto relacionado com as eleições autárquicas, que as temos aí à porta, e eu até estou admirado com o silêncio que se tem feito. Alguns anos passavam aí com umas carrinhas a pedirem o voto neste ou naquele candidato. Este ano estou a sentir isto tão parado que até nem me lembro que estamos a menos de um mês do acto eleitoral.
– As eleições passaram a ser uma rotina, Tio Ambrósio! De tantos em tantos anos lá temos que ir nós dizer de nossa justiça…
– E até me parece que alguns dos candidatos se profissionalizaram! Estiveram de fora, obrigados pela oportuna lei da restrição dos mandatos, mas, logo que podem, aí estão eles aptos para todo o serviço, ou melhor, dispostos a continuarem a dizer que pretendem servir o povo, quando, na maioria dos casos, o que pretendem é servir-se do povo…
– Deve haver de tudo, Tio Ambrósio! Mas o Liberato é um homem acima de qualquer suspeita.
– Eu não estou a falar do Liberato, meu caro Carlos! Falo de muitos outros que eu conheço de ginjeira! E tu também os conheces! Mas, vai lá, que se pode fazer tarde!
– Adeus, Tio Ambrósio! Se houver novidades, cá estarei para lhas contar!
– Vai com Deus, Carlos!