29/10/2017

À SOMBRA DO CASTANHEIRO (29-10-2017)

– Todos nós cometemos argoladas que teria sido melhor evitar…
– Eu, por exemplo, às vezes digo coisas de que, mais tarde, me venho a arrepender!
– Então somos dois, Carlos!
– O Tio Ambrósio, não!
– O Tio Ambrósio, sim! Ou tu pensas que estás na presença de algum santo? Pecador, e dos maiores, Carlos! Mas, já que ambos nos consideramos faltosos, podes dizer-me o que te apoquenta a consciência, se não é matéria de confissão sacramental, que eu depois te direi o erro que cometi.
– Vossemecê não se lembra da nossa conversa da semana passada?
– Lembro, Carlos! E não me parece que tenhas dito nenhuma barbaridade. Eu também já ando um bocado esquecido, e é natural que não grave na memória tudo aquilo que ouço.
– Pois eu recordo-me muito bem de lhe ter dito que, estes marotos que têm lesado o país, deviam ter a humildade suficiente para pedirem desculpa e, se ainda fosse possível, reparar os danos causados.
– Tu falavas sobretudo de um que já foi nosso primeiro e que ninguém, nem a sua própria consciência, o leva a admitir que alguma vez tenha errado, quando a todos nós nos parece tudo tão evidente. E afinal, logo um seu sucessor, camarada e amigo, vem a cometer a mesma falta, num contexto totalmente diferente, ao não ter a humildade de ao menos pedir desculpa aos lesados e aos familiares das vítimas mortais do sinistro do passado dia 15 de Outubro.
– E custava-lhe muito, Tio Ambrósio? Iriam cair-lhe os parentes na lama por ter assumido a atitude nobre de reconhecer que não tinha feito tudo o que estava ao seu alcance para evitar mais esta tragédia? Em casos de muito menos importância, por exemplo no desporto, temos visto treinadores a assumirem as responsabilidades de uma derrota, mesmo sabendo que, com isso, correm o perigo de lhes ser indicada a porta de saída.
– E como isto é uma partilha que, se calhar não vai ficar só entre nós, porque as paredes têm ouvidos, devo confessar-te que...

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